Retorno

Meu blog estava deserto, não porque parei de "pensar", mas porque parei de escrever. Acho que nem lembro qual foi a última vez que parei, acho que faz tempo que não páro. Mas vou utiliza-lo novamente, nem que seja para escrever "abóbrinhas" como estas que escrevo agora, pois sei que tem uma pessoa que está sempre dando uma espiadinha, e me alertou que desde 2007 eu não escrevo, coitado, desde de 2007 que ele lê a mesma coisa, vou escrever em consideração a ele.

Então Mário, essa é para ti.

De fora do lugar...

Repensando meus caminhos

Murmurando desafios

Nem sei se quero

Nem sei se vou

No que acredito, não sei

Perdida sem saber o que fazer

Meus conceitos estão incertos

Parar e observar, para não deslizar

Teorias me fazem gargalhar

A principio já não me deixam acreditar

Meus escritos já não sustentam o ar

Nem ao menos me fazem voltar

Letras caladas, fechadas, revoltadas

Lutar e não agir, voar e desistir

Já que o acaso mora ali

Dogmas, doutrinas, discursos

O que fazer com isso?

Vigiar e pirar?

Ou ler e amar?

Talvez chutar e gargalhar

Tudo é confuso

não acredito mais nisso tudo

Mudança?

Um absurdo, tudo parece pior

Criticas e elogios?

Me soam como um falso cantar

Já basta, não quero falar

Não sei o que pensar

Nem como agir

ou observar

Fusão de coisas

Seria o ser um enigma?
Talves fosse o vento que só é sentido
Ou sonhos que não são lembrados
Quem sabe momentos que já foram esquecidos

Usurpar o eu
Esconder o verdadeiro tu
Para que estações expliquem contradições
Mas sabe-se lá qual estação se fará
Ou chegará

As unhas não largam a carne
Já os momentos se vão como um sopro friamente
Há correntes e vertentes, porém ausentes
O que resta é o presente

Ó ruas que encontram lugares
andares, olhares
socorros, susurram
Fazendo caminhos
de trilhos sozinhos...

A favor de quem?

A suposta Ilha da “Magia” está um show de perplexidade e barbáries, além de um verdadeiro caos. Não vos digo que a cidade já foi uma maravilha, está e sempre esteve muito longe disso, contrário o que diz a televisão, mas enfim a atual prefeitura está mostrando um verdadeiro espetáculo de descaso com a população, então: Palmas para a prefeitura!

Nos últimos dias a mídia mostrou e relatou a operação “Moeda Verde”, de forma camuflada assistimos a tudo, as falsas aparências, digo isso por que todos sabiam desde o inicio que o shopping “elitizado” estava sendo construído em cima de uma área preservada (mangue). As autoridades não fizeram nada, pelo menos não se ouviu falar que levantaram uma palha para embargar isso, ao contrário de um movimento social, que estavam fazendo manifestações contra, mas como eram poucos ninguém deu ouvidos.

Pois bem, esperaram terminar a construção (shopping), e entrar em funcionamento (como todas outras obras ilegais que estavam em questão), que a polícia federal entra em ação, e de forma tão branda que me espantou. A mídia explorou a matéria uns quinze dias e não se falou mais nisso, provavelmente esta hora a culpa já caiu para o mais fraco, ou até mesmo em ninguém, deve ser porque a classe que estava sendo incriminada era a burguesia.

Ultimamente ando pelo centro da cidade e deparo-me com manifestações, greves e protestos. Em frente à Catedral Metropolitana dia desses houve protestos contra uma das ações da prefeitura, ou seja, a mudança de banco das contas salários dos servidores da prefeitura, mais um acordo entre prefeitura e bancários fartos de dinheiro. “Prefeitura está vendendo juros, quem dá mais?”. Outro foco foi a paralisação dos professores, policiais e motoristas, esta última classe de trabalhadores mesmo poderiam ser despejados do serviço a qualquer momento, o desemprego consideravelmente iria subir, e o poder não está nem ai.

No domingo (27-05-2007) estava eu e mais duas pessoas fazendo um programa arcaico, de índio, passeando pela Festa do Divino. Passando pela praça onde acontece a festa, ouvi a voz do prefeito de Florianópolis, estava ele na missa aberta (rua), com o microfone na mão, enchendo o seu pulmão de ar e falando sobre a festa, o cortejo, e as maravilhas da cidade, e que maravilhas, pois neste mesmo dia entraria em vigor o aumento da passagem absurda. Sinceramente fiquei pensando em que maravilha ele quis falar, as únicas maravilhas que encontrei em meu pensamento são as naturais, mas o resto está um caos.

Creio que o prefeito quando começou a exercer o cargo pegou emprestada a venda da Deusa Têmis (justiça) e colocou nele. Assim não enxerga nada, os morros não consegue visualizar, pode tentar olhar pela frestinha do pano, mas por ser alto (morro) deve ter preguiça de levantar a cabeça, agora para olhar os “jurinhos” ou os empresários, bom daí sim se consegue dá aquela espiadinha. E por falar em empresários, é perceptível como seus cofres e bolsos enchem cada vez mais e rapidamente.

Mas que vergonha, a passagem mais cara do país encontra-se numa ilha, o aumento é exorbitante de R$2,10 que já era caríssimo vai para R$2,40 (com dinheiro) e com cartão de R$1,80 para R$1,90. A intenção dos empresários está clara, aumenta-se o vale-transporte para ganhar muito dos pobres miseráveis (porque rico e classe média dificilmente pegam ônibus), e fazê-los aderir ao cartão, para aqueles outros miseráveis (cobradores) serem mandados embora do serviço, pois serão substituídos puramente pela catraca eletrônica.

Na segunda-feira (28-05-2007), o povo começa a sua rotina, mas com uma mudança, o aumento da passagem de ônibus. Pela manhã peguei o ônibus com destino a faculdade, durante o trajeto pude ouvir muitos comentários diferentes, em relação ao aumento, uns diziam que era “um absurdo pagar tão caro para andar daqui ali”, outros argumentavam que era por culpa da greve dos cobradores que houve o aumento, entre outros comentários isolados da população do “latão”.

Durante o período da noite vislumbrei a manifestação dos estudantes (maioria) em frente ao terminal do centro (TICEN), gritavam contra o aumento, contra a falácia que é a RBS, contra os policiais, etc. Porém o que mais me chamou a atenção foi a polícia, a proporcionalidade em números de policiais e manifestantes eram quase o mesmo. Os policiais estavam todos em filas, prontos para o ataque, com cacetetes, armas, coletes a prova de balas (só se os estudantes fossem atirar livros), uma verdadeira festa á fantasia, tinham alguns camuflados, outros de fardas marrons, alguns com capacetes. Sem falar no Major da polícia, estava bem na frente do batalhão, esse quer ser artista a qualquer custo, adora câmeras, ligo a televisão e lá está ele num programa policial ridículo que passa ao meio-dia, cujo apresentador é mais ridículo ainda, mas não entrarei neste assunto.

Sobre o trabalho desses policiais, afinal, defendem quem? Os interesses de quem? Da sociedade, do Estado, ou dos capitalistas? De quem? Se responderem que é em defesa da sociedade, custa-se acreditar, pois no que foi citado a cima, o aumento só irá afetar a sociedade, e parte dela estava ali em protesto. Se disserem que é em defesa do Estado, poderá até ser, mas em tese o Estado representaria os interesses da sociedade, mas que na verdade isso é um equívoco, quem está no poder só quer a sua fatia do bolo, ou melhor, da grana. O que mais se encaixa é que os policiais que estavam trabalhando contra a sociedade, e resguardando interesses dos donos da pecúnia exorbitante, em pedido do Estado. Nem todos da policia conseguem sair da alienação e perceber ou ver o que os próprios defendem, pois são bonecos pagos para fazer a parte suja, podre, que o Estado manda.

Por fim, vale analisar que o poder conspira contra os interesses diretos e necessários do povo, políticos se estabelecem no poder através da maciota, enganando os analfabetos e semi-analfabetos políticos do país, prometendo, fazendo propagandas enganosas, a mídia ajudando com o sensacionalismo, controlam e censuram o que lhes convém. Mas o que deixa triste mesmo é como os deputados trabalham demais, se esforçam tanto, por isso aumentaram seus salários para 28%, nada mais justo, pois querem o seu, o povo é que se danem. O poder “pensou” no povo também, pois aumentaram o salário-mínimo para 8,25%, deve ser porque uma empregada domestica ou um pedreiro não trabalha tanto quanto eles.

Meu país é uma merda. Não tem dono, não tem dona, meu eu país é uma zona!

Quem dizer-me que meu país é lindo e maravilhoso eu vou dar gargalhadas, pois irei pelo menos deduzir que esta pessoa nunca passou fome, não abriu a geladeira de sua casa e só visualizou água e uma cebola pela metade. Jamais ouviu um filho pedir um pão e não ter para dá-lo.

No país em que vivemos não temos direito a saúde, ficamos duramente em filas imensas para sermos atendido por aprendizes de médicos - e quando somos atendidos. E quem disser que é mentira, é porque nunca esperou seis meses para consultar com um clínico geral, precisou de um remédio e não tinha no posto, além de ficar na fila vegetando por uma vaga para fazer exame.

A imprensa transforma um fato em espetáculo, essa mesma imprensa que exprime a vontade da classe dominante, sendo totalmente comprometida com as forças conservadoras. A mídia de meu país agora está na fase de induzir as autoridades a diminuir a maioridade penal, querem jogar todo mundo na cadeia, principalmente aqueles que não estão inseridos no sistema capitalista, como se diminuindo a maioridade penal mudaria alguma coisa, a coisa é muito maior, a exclusão está pesando muito, insistem em segregar cada vez mais e tornar aqueles invisíveis e miseráveis em criminosos.

Quem diz que não é bem assim, que não adianta se revoltar, é porque nunca subiu o morro cheio de sacolas, não pegou um “latão” ( ônibus) lotado, nunca viu a sua casa ser destelhada ou desmoronada com o vento, e nunca passou frio ou sede por não ter dinheiro, além do sofrimento com o preconceito por ser portador de um esteriótipo, assim ignorado pela sociedade “civilizada”.

É uma vergonha ver nossos idosos em filas quilométricas esperando para entrar no INSS ou na Previdência Social, e pior, esses idosos geralmente são aqueles que trabalharam a vida toda limpando a casa dos outros, ou em serviços que se trabalha muito e se ganha pouco, e ao chegar na velhice depara-se com este salário mínimo vergonhoso, principalmente quando comparado ao salário daqueles que elegemos e depois os vemos de pernas para o ar lutando pelos seus próprios salários exorbitantes.

Ligo a televisão e vejo um apresentador fazendo sensacionalismo, agindo com falso moralismo, havia em seu programa uma senhora idosa chorando por estar esperando tanto tempo e não ainda não conseguiu uma fisioterapia pelo SUS, foi irritante o fato em que o apresentador usou aquelas lágrimas para ter ibope, e disse ao vivo que se revoltava em ver o descaso com o povo, mas o problema é que ele se esqueceu que foi eleito pelo povo várias vezes e não fez merda nenhuma, quer dizer, só fez merda mesmo, agora vem para cá dá um de bom samaritano.

Pois bem, não ache que eu perdi a cabeça não, pois ouvi sua avó dizendo que está aborrecida e com um nó no coração, pois o aniversario da neta está chegando e ela não tem dinheiro para dar nada a ela é triste, mas acho que o que vale é um abraço, o afeto é primordial, porque o resto está virando resto mesmo. O que resta é não fechar os olhos para todas as atrocidades que fazem conosco, os desiguais estão se rebelando e com razão. Como já disse Marilene Felinto "até para poder continuar habitando a casa-grande, precisa deixar a senzala comer um pouco melhor".

“Seja bem vindo”

Preciso falar-te a verdade: “bem vindo ao mundo cruel”. Não se iluda com o mundo dito de humanos, pois verás um mundo desumano. O dinheiro por aqui dominou, o amor está sendo abolido e apagado. O Natal? Esse já não é mais um momento de pararmos e refletirmos e sim de presentes e do velhinho imaginário, o Papai Noel. Cada ser quer o seu pão, quinhão e pecúnia.

Bem vindo ao mundo violento, que determina especialização, e criminaliza os movimentos, que todos são cidadãos isso é ilusão. Esse mundo é repleto de guerras contínuas, civis, temporárias, tem de tudo e só olhar ao redor, todos os “desentendimentos” são por motivos diferentes e fúteis ao mesmo tempo, pois nenhum motivo justifica tantas mortes inocentes, essas atitudes irracionais só acabam com a nação.

Alguns vivem alienados, outros revoltados, há aqueles famintos e magnatas distintos. Vivem todos no mesmo espaço global, porém são tão diferentes que é de se espantar, a moda é comprar, mas a massa popular nunca consegue está na moda. A moda do miserável é ralar no serviço, é se contentar com a miséria.

Você está chegando e isso trará muitas felicidades, precisará de proteção, porque há cavalos humanos que não dão perdão. Os sentimentos mudaram, o stress tomou conta da maioria da população, trabalha-se mais que o irmão, só há tempo para o computador, trabalho e televisão.

Seja bem vindo a esse planeta que um dia deixará de ser chamado de terra, do jeito que anda a nomenclatura poderá mudar para: “enchente”, “efeito estufa”, “camada de ozônio degradada”, “bola do capital”, “ planeta da fome”, “ circulo da concentração de renda”.

A esperança se perdeu, fingimos acreditar nela e tê-la também, para só assim ela não falecer completamente naqueles que querem mudança. Já não se degusta mais com sabor natural o que se come, no paladar só sentem-se os agrotóxicos e gostos artificiais, as belezas naturais estão se acabando e dando espaço a poluição e aos prédios . Mas, além disso, seja bem vindo, porque o mundo precisa de você.

Ei, é uma ida sem esquecer do que ali ficou!

Ei espera! Ei, não briga com ele! Ei, não joga sujeira no chão!
É hora da fila, um atrás do outro, todos olhando para parte de trás da cabeça do outro. Cada fila um grupo, do menor para o maior, essa é a lógica que aprendemos desde tempos atrás. Um grito soa no ar, pedindo silencio. Olhinhos atentos. Atrás de cada olhar uma vida, história que na maioria é sofrida.

Ei, o que é isso? Por que você xingou seu colega? Não se joga comida no lixo! Vamos para sala do João conversar!
Cabeça baixa. Olhar raso de água, cada passo ecoa lentidão, pois a disciplina é argumentada então. Sentado na cadeira passa um tempão, alguns adormecem, outros cochilam, mais ele não. Passa o tempo pensando no depois, na bola e no gol, na musica e no som, no café e no pão.

Ei, é hora de lavar as mãos! Ei é hora da fruta! Ei não é para empurrar a colega!
Brincam de pega-pega ou de esconde-esconde ? Tem amarelinha, mais sem pisar na linha. Pião e bolinha animam aos que ali caminham. A pipa ? Fica para o final de tarde, hora de subir na laje e voar lá no alto.

Ei, vamos para sala! Ei, está na hora de aprender! Ei, todos para suas oficinas!
Cada sala um movimento, toda sala é lecionado um novo momento, é apresentado um novo mundo. Cada cabecinha tem uma preferência, gostos diferentes e reações surpreendentes, uns mentem e outros aprendem.

Ei, está na hora do café! Cada qual em sua mesa! Ei, hoje os que limpam pertencem ao grupo um!
Novamente forma-se a fila, está no momento da comida, que algumas vezes só é vista enquanto estão ali, comem com tanto gosto que num estalar de dedos parece que a comida irá acabar. Repetir a refeição é de lei, agora é só escovar os dentes e subir o morro, de volta ao seu mundo, para sua casa e sonhar com tudo.
Ei, tchau! Ei, até amanhã! Ei, juízo e não vão fazer besteiras! Ei, atravessem na faixa ...


Didecado as criaças que fizeram e fazem parte da minha vida. Promenor!!